LOCALIZAÇÃO  DE  ÁRVORES  NATIVAS  NO VALE  DO  AÇO - MG

É muito comum lermos artigos sobre o desmatamento em que o autor se refere a espécies em extinção e cita nome de árvores que existiam com abundância antigamente: Pau Brasil, Jequitibá, Sapucaia, Vinhático e outras. Nestes casos acontece de o leitor ficar imaginando árvores majestosas que nunca vai poder ver, a não ser que faça uma viagem à Amazônia, pois por aqui não mais existem. O que ele não sabe é que é possível encontrar muitas destas espécies por aqui mesmo, no Vale do Aço (MG), sem muito trabalho.

Nossa região é parte integrante da Mata Atlântica, hoje quase totalmente devastada. Por aqui existiam espécies de árvores em estado nativo com uma variedade maior que a da floresta amazônica. Existem espécies endêmicas de nossa região, ou seja, que dificilmente são encontradas em outra parte do Brasil. Estas espécies nativas, apesar da devastação da mata para cultivo de monoculturas e utilização para pecuária, resistem enquanto podem, com a ajuda de pessoas que têm a sensibilidade de preservar partes de sua propriedade ou mesmo exemplares isolados de árvores. Isto sem contar com a quantidade de espécies nativas utilizadas em paisagismo urbano, enfeitando nossas ruas e parques. Existem também as áreas de preservação permanente, como o Parque do Rio Doce, ocupando área de vários municípios, ou a Fazenda Macedônia, em Ipaba, ou ainda o Projeto Oicós, em Timóteo.

O que acontece conosco, como população urbana engajada na vida moderna, é que a maior parte das pessoas não se preocupa com este assunto, ou seja, está mais sensibilizada para as notícias de queimadas na Amazônia do que em saber quais as espécies nativas interessantes que temos ainda às nossas portas.

Bem, o objetivo aqui é mostrar alguns exemplos destas espécies ao nosso alcance. O nome científico é sempre citado, pois é a forma mais clara de identificação da espécie, pois os nomes populares variam muito de região para região. Existem árvores que tem mais de vinte nomes populares e existem nomes populares que vão designar mais de uma dezena de árvores diferentes, dependendo da região. Clicando no ícone antes do nome da árvore, você vê a página específica.Se você souber de alguma outra árvore interessante na região, agradeço a informação. Envie um email para eadmelo@uol.com.br

botao2.GIF (582 bytes)  Pau Brasil (Caesalpinia echinata):

É a árvore que deu o nome ao nosso país, utilizada para tingir tecidos através do cozimento de sua casca. Não é uma árvore de grande porte, a não ser espécies em estado nativo e no meio da mata, o que é raro. Atinge no máximo 12 metros de altura. Pode ser reconhecida por ser semelhante à Sibipiruna, que é muito comum nas ruas. A diferença é que o Pau Brasil apresenta espinhos no tronco, galhos e até nos frutos.

Onde encontrar: na frente do Banco do Brasil, na agência Centro, à esquerda de quem sai do banco, do outro lado da rua, existem dois exemplares. Na avenida que liga o Parque Ipanema ao centro via Telemig, um pouco antes da Concessionária VW, no canteiro central, vários exemplares menores. Também no Parque Ipanema, um grupo deles. No viveiro de mudas da prefeitura, dois deles muito bem tratados.

botao2.GIF (582 bytes)  Jequitibá (Cariniana legalis)

Conhecida como a árvore brasileira de maior porte e longevidade. Muito procurada pela qualidade de sua madeira, associada a um tronco reto e fácil de trabalhar. Pode atingir até 54 metros de altura e mais de 2000 anos de vida, pelo menos é o que se calcula nos exemplares maiores do país.

Onde encontrar: o exemplar de maior porte estava em uma pequena estrada de terra na saída de Ipatinga para Governador Valadares, onde está sendo construído o novo bairro, à esquerda. mais ou menos a 2Km do asfalto, ele está ao lado da estradinha, com aproximadamente 40 metros de altura. Veja aqui. Para ter acesso é preciso ir a pé uns 800 m, após passar a cerca no final da estrada. Esta árvore infelizmente tombou em um vendavl no inicio de 2024. Uma lástima.

Na saída para Caratinga, após a lagoa Silvânia, após a entrada de Ipaba, vire à esquerda na primeira entrada. Após uns 200 metros, quando a estrada vira à esquerda, numa mata à frente, as duas maiores árvores são um Jequitibá (a primeira) e uma Sapucaia (a segunda). Também no parque Ipanema, próximo ao lago, do lado entre o Ipatingão e trevo para o Iguaçu, existem uns dez, ainda muito novos (uns 8 metros de altura). E ainda, na rotatória da saída para Caratinga, entrada do Cariru.

botao2.GIF (582 bytes)  Sapucaia (Lecythis pisonis)

É uma árvore de grande beleza por ocasião da primavera, quando se cobre de novas folhas cor de rosa e flores roxas e brancas. De grande porte, produz frutos grandes com castanha muito apreciada pelos animais e pelo homem.

Onde encontrar: Exemplares de médio porte no canteiro central da BR quase em frente à Telemig, no sentido do Centro de Ipatinga. Um exemplar de grande porte às margens do Rio Piracicaba, no final do bairro Cariru, onde se encontram os rios Piracicaba e Doce, logo depois da Estação Pedra Mole. Para vê-lo descer por uma trilha de pescadores, está a uns 300 metros depois do final da Avenida. Também por ocasião da primavera, passando pelo Cariru até o Horto, podem-se ver muitas Sapucaias floridas na mata do parque Rio Doce.

botao2.GIF (582 bytes)  Jacarandá da Bahia (Dalbergia nigra)

Árvore famosa pelo aproveitamento de sua madeira para móveis de luxo, não é comum encontrá-la de grande porte e tronco reto, devido à procura nas últimas décadas. Por outro lado, é uma árvore muitíssimo disseminada em áreas devastadas e que se recupera através de sementes com facilidade. Acontece que, ao nascer em campo aberto, seu tronco fica quase sempre retorcido ou desgalhado e não atinge grande porte, em muitos casos morrendo de forma natural com menos de 10 anos de vida.

Onde encontrar: no parque Ipanema, entre o Ipatingão e a ilha do lago, no canteiro central da avenida (uns 5 exemplares). Nas margens das estradas para Governador Valadares e para Caratinga é muito comum encontrá-la como árvore baixa, muitas vezes nos barrancos ao lado da estrada.

botao2.GIF (582 bytes)  Mogno (Swietenia macrophylla)

Árvore originária da Amazônia, famosa pela qualidade de sua madeira e intensidade com que vem sendo explorada, acarretando destruição das matas nativas. Não existe em nossa região em estado nativo, porém adaptou-se bem aqui e é utilizada em arborização urbana, pois tem um desenvolvimento rápido e um porte ereto.

Os exemplares mais antigos, que frutificam todo ano, estão na praça do centro de Ipatinga (onde ficam engraxates e fotógrafos). Na avenida Macapá, do bairro Veneza, quase todo o canteiro central está plantado com Mogno, e também no parque Ipanema, ao lado do estádio.

botao2.GIF (582 bytes)  Vinhático (Plathymenia foliosa)

Outra espécie muito explorada e hoje difícil de encontrar na região. No norte de Minas é mais comum. Destaca-se pelo tronco que solta muitas cascas. Próximo à Ipatinga havia um exemplar, muito grande e vistoso, que morreu há alguns anos devido a queimadas sucessivas sob o mesmo. Estava na BR 381, de Ipatinga para Valadares,  aproximadamente a 10 Km da saída de Ipatinga. É um exemplo típico do descaso que temos com as árvores. Foi destruído por queimadas sem finalidade, e nem ao menos sua madeira foi aproveitada. Existem outros exemplares de menor porte que frutificam, no canteiro central da Av Selim Jose de Sales, após o Supermercdo Bretas do Canaã.

botao2.GIF (582 bytes)  Jatobá (Hymenaea courbaril)

Madeira de lei, árvore de grande porte, no interior é plantada para obtenção dos frutos, dos quais se come a camada que envolve a semente (um pó verde de cheiro forte).

Onde encontrar: existe um exemplar bastante copado e produzindo, plantado em uma residência, junto à calçada, na rua Fortaleza, no bairro Veneza. Na chamada "Trilha da Vanguarda", trilha de ciclistas no morro atrás do Hotel Luxor, existem muitos. Também no canteiro central da avenida em frente ao Estádio Ipatingão, e dentro do Parque Ipanema..

botao2.GIF (582 bytes)  Paratudo (Hortia arborea)

Espécie muito procurada pelas propriedades medicinais de sua casca. Por isto mesmo é comum vermos grandes paratudos mortos pela retirada de sua casca ao redor de todo o tronco, suprimindo o caminho da seiva. É uma espécie de muita beleza, não muito encontrada em outras regiões.

Onde encontrar: no caminho do Ipaneminha, após o Parque das Cachoeiras, existem vários exemplares no chamado "Morro do Paratudo". Também na estrada para Santana do Paraíso, do lado esquerdo, em um morro.

botao2.GIF (582 bytes)  Peroba de campos (Paratecoma peroba)

Árvore de grande porte, chamado também de Ipê baiano ou Ipê peroba, existia em quantidade por aqui, mas hoje é raro devido à grande exploração pelas qualidades de sua madeira. Muito difícil de se conseguir sementes, pois seus frutos só aparecem nos pontos mais altos de sua copa.

Onde encontrar: entre Ipatinga e Fabriciano, ao lado esquerdo da BR de quem sai de Ipatinga, no alto após a Usipa. Também na estrada de Ipatinga para Governador Valadares, no primeiro posto de gasolina após a entrada de Cachoeira Escura. E também isolada ao lado do novo trevo para o Green Park, saída para GV.

botao2.GIF (582 bytes)  Bauna preta (Melanoxylon brauna)

Árvore também famosa e muito procurada pela resistencia de sua madeira em construções. Sabe-se que uma tora de Brauna dura dezenas de anos mesmo enterrada, sem apodrecer. É também uma espécie de grande valor paisagístico, com bela floração amarela.

Onde encontrar: Bem em frente à portaria do Hospital Marcio Cunha, na área de preservação da Usiminas, veja foto. Se não estiver florida, o que ocorre por volta de Maio, fica um pouco difícil de se distinguir das outras. Também na estrada para Valadares, por volta do Km 165, à esquerda, conforme foto, um exemplar muito antigo, que se destaca sobre a vegetação existente. E, na região do Ipaneminha, dispersas nas matas remanescentes.